Pelo menos 64 pessoas morreram – 4 delas policiais – e 81 foram presas nesta terça-feira (28) em uma megaoperação contra o Comando Vermelho (CV) nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Esta é a operação mais letal da história do estado, segundo números confirmados pelo Palácio Guanabara.
O objetivo da ação é cumprir mandados de prisão contra integrantes do Comando Vermelho (CV), 30 deles de fora do Rio, escondidos nos dois conjuntos de favelas, identificados pela investigação como bases do projeto de expansão territorial do CV. Até o fim da manhã, 81 pessoas foram presas e 42 fuzis foram apreendidos na ação, que mobiliza 2,5 mil policiais e também promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRJ).
A operação marca uma mudança no padrão de enfrentamento entre as forças de segurança do Rio e as facções criminosas. Em uma demonstração inédita de poder bélico, traficantes utilizaram drones para lançar granadas contra equipes das forças especiais da Core e do Bope, cenário típico de guerra. Para esse “bombardeio”, os criminosos acionam um gatilho mecânico ou elétrico que libera a carga enquanto mantêm o equipamento em voo, afastando-se sem se expor. Além disso, em outro sinal de uma escalada nos confrontos, o governo estadual declarou que não tem condições de atuar sozinho e que o conflito ultrapassou o âmbito da segurança pública tradicional.
— Essa operação de hoje tem muito pouco a ver com Segurança Pública. É uma operação de Estado de Defesa. É uma guerra que está passando os limites de onde o Estado deveria estar sozinho defendendo. Para uma guerra dessa, que nada tem a ver com a segurança urbana, deveríamos ter um apoio maior e até das Forças Armadas. É uma luta que já extrapolou toda a ideia de Segurança Pública e que está na Constituição. O Rio está sozinho nessa guerra — disse o governador Cláudio Castro.
A declaração de Castro apontou para a necessidade de participação do governo federal, inclusive com possibilidade de acionamento das Forças Armadas. Segundo o governador, ele teve negado por três vezes o pedido que fez para ter ajuda de blindados da Marinha e Exército. Castro fez ainda um alerta para a possibilidade de forte tentativa de retaliação dos criminosos diante de tantos mortos e apreensões.
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Integrantes do governo de Luiz Inácio Lula da Silva avaliam que as declarações do governador do Rio, Cláudio Castro (PL), de responsabilizar a falta de apoio federal pela crise de segurança, é um movimento político de Castro para antecipar a disputa eleitoral do ano que vem.
Transtornos
Depois de um dia de transtornos em vias da Região Metropolitana – a maioria causados pela reação de bandidos contra a megaoperação da polícia nos complexos do Alemão e da Penha – o carioca enfrentou filas em modais como trens, barcas e metrô. O horário de pico do retorno para casa do carioca, segundo o Centro de Operações da Prefeitura, foi antecipado em 4 horas.
A Central do Brasil ficou lotada de trabalhadores buscando o retorno para casa, assim como pontos de ônibus em vários pontos da cidade.
Apesar do grande movimento e filas em locais como a Praça XV e em várias estações de metrô, os meios de transporte funcionavam normalmente por volta das 15h50. Metrô, barcas e trens estavam com o fluxo normal de viagens – a excessão era o BRT, que tinha intervalos irregulares.
A SuperVia informou que o horário do pico vespertino para atender o alto volume de passageiros nas estações. O MetrôRio também anunciou reforço na grade e diminuição do intervalo normal.
Fonte: Agência O Globo